segunda-feira, 24 de junho de 2024

#SARAU VIRTUAL NOITES DE JUNHO, NOITES DE SÃO JOÃO. - EDIÇÃO 2024 - A TRADIÇÃO MAIS ANTIGA (1)

 

Noite de São João 2009




Isto é Que é "São João" - ℗ 1976 - Baú Musical🎶





Noite de São João, 1942 Óleo sobre madeira, 80 x 60 cm Acervo Museu de Arte Moderna (MoMA), Nova York Encomendado através do Fundo Interamericano, 1943. 




Óleo sobre tela - Militão dos Santos (2009)

LEMBRANÇAS DOS TEMPOS DO SÃO JOÃO ANTIGO NA OBRA DE LUIZ GONZAGA

 São João Antigo
Já faz algum tempo, estamos sendo bombardeados por uma infinidade de músicas, se é que podemos assim chamá-las, que a cada ano surgem neste período que antecede as festividades juninas. Na sua quase totalidade, são músicas apelativas, com letras insinuantes e de duplo sentido, totalmente descompromissadas com o verdadeiro espírito da festa de São João. São músicas que em nada retratam os costumes ou a cultura do nosso povo, mas tão -somente visam à lucratividade. Ao que me parece, um objetivo já alcançado, haja vista o crescente número de cantores e adeptos deste gênero. Por serem músicas passageiras, de breve duração, podemos até classificá--las como mais um artigo de consumo para uma determinada faixa da população. Como não apresentam qualquer sustentação poética, estas músicas não conseguem resistir à ação demolidora do tempo, residindo neste fato a grande diferença entre estas e aquelas músicas mais antigas.
Dificilmente encontramos hoje músicas que cantem o São João na sua forma mais autêntica, como ainda é festejado no interior. O São João de quadrilhas e brincadeiras ao redor da fogueira, com balões e foguetões, onde as pessoas fazem pedidos a São João e se divertem com as adivinhações. O São João de fartura, com milho verde, canjica, pé-de--moleque, licor e aluá.
As marchinhas, os forrós baiões com motivação junina são hoje raríssimas exceções. Os atuais cantores da música nordestina parecem desinteressados na preservação deste estilo ou encontram-se já corrompidos pela lucratividade que o pornoforró lhes proporciona. Naturalmente que há exceções ao que foi exposto acima como exemplos, podemos citar os sanfoneiros Dominguinhos e Luiz Gonzaga, dois pernambucanos de fibra e que sempre souberam se manter fiéis ao compromisso de cantar os valores e a cultura da terra nordestina.
Diante deste quadro, nos parece muito confortante o fato de ainda podermos ouvir músicas que são verdadeiros clássicos da música junina. São obras que não envelheceram, não obstante tenham sido gravadas há quase 40 anos, e que ainda continuam trazendo alegrias e recordações até mesmo para o público mais jovem. Se não ouvimos com mais freqüência estas músicas, é porque os esquemas de divulgação não permitem. Quem não conhece, por exemplo, São João na Roça (A fogueira tá queimando/em homenagem a São João/ O forro já começô ô...), marchinha junina composta por Luiz Gonzaga em parceria com o poeta pernambucano Zé Dantas, em 1952, e cantada até os dias de hoje; Noites Brasileiras (Ai que saudade que eu sinto/das noites de São João/das noites tão brasileiras, das fogueiras/sob o luar do sertão...), também de autoria de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada pela primeira vez em 1954; São João antigo (Era festa de alegria/São João/ tinha tanta poesia/São João/tinha mais animação...), outra marcha junina composta por Zé Dantas e Luiz Gonzaga no ano de 1957; São João no Arraiá (Ô Iaiá vem vê/Ô Iaiá vem cá/vem vê coisa bonita/São João no arraiá ..), composição de Zé Dantas gravada por Luiz Gonzaga em 1960; Olha pro Céu (Olha pro céu meu amor/vê como ele está lindo/ olha pra aquele balão multicor...), de José Fernandes e Luiz Gonzaga, gravada em 1951.
Estes são apenas alguns exemplos de músicas juninas que se transformaram em imortais sucessos e que, indiferentes à ação do tempo, continuam vivas ainda hoje. Com isso, vemos que a música que tem base poética, de único sentido e voltada para os valores da terra, não tem vida limitada. Para ela, sempre haverá espaço.
Observamos hoje, com tristeza, que a descaracterização do São João não está apenas na música, mas, também, na maneira como vem sendo comemorado. O que se vê hoje nas grandes cidades não passa de uma grosseira imitação.
É necessário que haja uma conscientização ainda maior no sentido de preservar esta que é uma das nossas mais tradicionais festas populares. Por tudo isso é que procuro refúgio no intetior, seguindo o conselho de Zé Dantas e Luiz Gonzaga.em São João Antigo, para ter a certeza de que não mudei, nem tão pouco o São João. Quem mudou foi a cidade.


SÃO JOÃO ANTIGO – (Zé Dantas & Luiz Gonzaga), 1957

Era festa da alegria
São João
tinha tanta poesia
São João
tinha mais animação
mais amor, mais emoção
eu não sei se eu mudei
ou mudou o São João

Vou passar o mês de junho
nas ribeiras do sertão
onde dizem que a fogueira
ainda aquece o coração
pra dizer com alegria
mas, morrendo de saudade
não mudei, nem São João
quem mudou foi a cidade


SÃO JOÃO NO ARRAIÁ – (Zé Dantas), 1960

Ô Iaiá vem vê
ô Iaiá vem cá
vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Vem vê quanta fogueira
no terreiro embandeirado.
foguetes e balões
sob o céu todo estrelado
namoro à moda antiga
com suspiros ao luar
vem vê coisa bonita
São João no arraiá

Cachaça em Pernambuco
renda só no Ceará
café só em São Paulo
açaí só no Pará
no clube o ano novo
bom na rua é carnavá
natá só presta em casa
São João no arraiá.


SÃO JOÃO NA ROÇA - (Zé Dantas & Luiz Gonzaga), 1952

A fogueira tá queimando
em homenagem a São João
o forró já começô ô
vamo gente
rapá pé nesse salão
dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yayá
dança Janjão com Raqué
e eu com Sinhá
traz a cachaça Mané
eu quero vê
quero vê paia avuá.


OLHA PRO CÉU – (José Fernandes & Luiz Gonzaga), 1951

Olha pro céu, meu amor
vê como ele está lindo
olha pra aquele balão multicor
como no céu vai sumindo
foi numa noite, igual a esta
que tu me deste o coração
o céu estava, assim em festa
porque era noite de São João
havia balão no ar
xote, baião no salão
e no terreiro o teu olhar
que incendiou meu coração.


Marcos Barreto de Melo

Salvador, junho de 2003

 fonte: http://www.revivendomusicas.com.br/reportagens.asp?id=81

Viva São João! 🌟

Hoje, celebramos São João, uma das festas mais queridas e animadas do Brasil! 🎉🔥 Com fogueiras, quadrilhas, comidas típicas e muita alegria, São João é um momento de união, tradição e cultura.

No Movimento de Educação de Base, acreditamos que essas celebrações são essenciais para fortalecer nossos laços comunitários e valorizar nossas raízes. São João nos lembra da importância da coletividade, da partilha e do respeito pelas tradições que formam nossa identidade.

Que possamos aproveitar essa festa para refletir sobre os valores que nos unem e renovar nosso compromisso com a educação popular, a inclusão e o desenvolvimento de nossas comunidades. Vamos dançar, cantar e celebrar juntos, sempre lembrando que a verdadeira festa é aquela que construímos com solidariedade e amor ao próximo.

🌽🔥✨ Viva São João e viva a educação que transforma! ✨🔥🌽

Para refletir:
(atualizado em junho de 2024) 
O conceito de  São João aqui em Sergipe e nos demais estados do nordeste vai se resumindo a um grande espetáculo. Isso se considerarmos as programações dos governos, estados e municipios,  

O que salva,  são iniciativas lideradas por artistas e/ou agentes culturais comunitários, educadores e intelectuais comprometidos, embora estas foram diminuindo com o decorrer dos anos, principalmente por motivos de morte, doença ou cansaço. Cansaço que entre outras razões é motivados pelas dificuldades em conseguir patrocinio público e/ou privado.

Espera-se com a Politica Nacional de Cultura Aldir Blanc (PNAB) que isso possa ser amenizado. 

Já no caso das programações dos governos estaduais e municipais , além do grande espetáculo, porque não buscar realizar atividades que coloquem as pessoas na condição de maior protagonismo e maior aproximação Por exemplo: No Forró Caju, Arraial do Povo (agora Encontro Nordestino de Cultura) , Forró Siri e em tantos outros espaços e ambientes de iniciativa das Prefeituras e do Governo do Estado, porque  não é possível pensar em uma programação para crianças, idosos turistas, mais cedo?  Com brincadeiras infantis, contação de histórias, oficinas de quadrilha e/ou forró tradicional, esquetes ou peças teatrais com temática ligada a rica tradição cultural do ciclo  junino, assim como apresentações de dança , artes visuais, sarau de poesias e mostra de audiovisual nessa mesma linha. Além das quadrilhas e trios pé de serra. Tudo isso precedido por oficinas, palestras e mostras promovido em algumas escolas. Inclusive muitas das apresentações  e exposições podem ser frutos disso.
Ou seja, fala-se muito da necessidade de conectar mais a educação com a cultura, mas na prática pouco é realizado nesse sentido.

OFICINA DE QUADRILHA JUNINA DAS “ANTIGAS”

17/4 · AracajuSE

VAMOS DANÇAR QUADRILHA !



Não me convidem para certas festas pobres". Essa frase, baseado no primeiro verso da música Brasil do Cazuza, foi citada por mim em um dos momentos em que estive realizando o trabalho de divulgação da oficina de quadrilha junina em uma emissora de rádio em Aracaju.

Este tipo de “pobreza” a que me referi, não diz respeito as condições econômicas, porque em alguns casos, alguma festas juninas “pobres” até dispõem de uma boa estrutura material, fartura de comes e bebes e grandes atrações artísticas.

A questão fundamental a que me refiro é que a alegria e o calor humano espontâneo, sem depender do álcool e de outras substâncias químicas, e a criatividade em especial, são fatores imprescindíveis para o enriquecimento estético, afetivo e ético de nossas existências.

Por exemplo, se fizermos um exercício de memória dificilmente nos lembraremos de uma festa junina da atualidade em que o cenário e adereços não sejam baseados no mesmo padrão de outras, como as bandeirolas de plásticos e réplicas de balões de cartolina, algumas comidas típicas misturadas com cachorro quente, churrasco e sanduíche, refrigerante e cerveja, a bebida que ocupa o lugar do velho e bom licor e do quentão e outras padronizações ou descaracterizações mais.

Por isso, a relevância da oficina de quadrilha junina realizada sob a chancela da ong Ação Cultural, no dia 17 de abril, na comunidade bom pastor, em Aracaju. Ué! Oficina de quadrilha junina foi esta a indagação de um dos radialistas, e então respondi: Com o processo de urbanização acelerada ocorrido no Brasil nos últimos anos e com a falta de percepção dos cursos de formação de professores, de psicólogos, serviço social e áreas afins, com relação ao potencial educativo, estético, lúdico e terapêutico da nossa cultura popular, faz-se necessário um trabalho como este.

E a avaliação dos participantes ao final da oficina, confirmou o que dissemos acima. A maioria dos presentes, estudantes e profissionais das áreas da educação, psicologia, terapias holisticas e comunicação revelaram ter tido contato com a quadrilha tradicional, somente em escolas, nos tempos da infância e pré-adolescência.

Também demonstraram muito contentamento em poder se reportar a este tempo, através do movimento corporal e da música, como por terem se conectado aos antepassados através dessa experiência lúdica e social muito presente nas vidas deles, por ocasião das festas de junho.

Outros três depoimentos que deixou a coordenação da oficina bastante satisfeitos, foi de uma participante que disse ter se inscrito na oficina para sentir alguns momentos de alegria, e isso ficou confirmado pelo brilho nos olhos dela ao final do dia.

Já outra participante, “quadrilheira dos nossos tempos” e integrante dos quadros da quadrilha Asa Branca, disse que há muito tempo não dançava quadrilha no estilo das antigas e se sentiu muito feliz em fazer esta viagem ao passado.

O outro depoimento refere-se a uma pessoa que tinha ficado chateado por ter um curso, cuja data marcada, foi a semana de São João, “nem precisa dizer que o local é a região sudeste, onde os festejos juninos não tem a mesma força cultural que tem aqui em nossa região” e ele, “só pra contrariar” e na base “d’eu vou mostrar pra vocês como é bom dançar quadrilha” estava programando a organização de uma quadrilha junina tradicional, só não sabia antes como fazer, pois a sua aprendizagem com dança, se deu com relação ao estilo flamenco e circulares.

Quem não pode participar confira o que dissemos acima, participando do baile de danças circulares nordestinas, no dia 28 de maio, a partir das 19h30, na comunidade bom pastor. Na ocasião será aplicado o que foi aprendido nesta oficina e em outras promovidas pela Ação Cultural desde 2005.

Por último, vale a pena replicar a idéia da oficina de danças populares em outros locais, não trata-se de formar dançarinos/bailarinos, mas trazer a dança como um componente permanente de nossas vidas, como era no principio e deva ser agora e para sempre.

Assim com nem todos que aprendem a ler e a escrever necessitam tornar-se escritores, assim também nem todos que participam dessas oficinas precisam tornar-se dançarinos.

Por isso, venham todos dançar !






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