quarta-feira, 19 de junho de 2024

Mais da metade dos alunos brasileiros tem nível baixo de criatividade; país está entre os últimos de ranking internacional, diz Pisa

 Pela 1ª vez, uma das principais avaliações internacionais de educação incluiu questões que medem a criatividade de estudantes de 15 anos na resolução de problemas sociais e científicos. Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros), Brasil está na 44ª posição.

Mais da metade (54,3%) dos alunos brasileiros de 15 anos apresentou um baixo nível de criatividade ao tentar solucionar problemas sociais e científicos apresentados em uma prova internacional de conhecimentos. O dado foi divulgado nesta terça-feira (18) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

✏️Talvez você se lembre de já ter lido, nos últimos anos, sobre os resultados do Pisa (sigla em inglês para "Programa Internacional de Avaliação de Estudantes"), uma das mais importantes avaliações de educação do mundo. Tradicionalmente, ele mede os conhecimentos de alunos de escolas públicas e particulares em matemática, ciências e leitura.

🎨Desta vez, no entanto, o Pisa foi além de mostrar se os jovens sabem identificar figuras geométricas ou entender textos longos. A prova, aplicada em 2022 (com atraso, por causa da pandemia), passou a mensurar também a criatividade dos participantes: eles conseguem sugerir soluções originais para uma situação-problema? São capazes de usar a escrita e a arte para representar uma nova ideia? Têm imaginação para criar histórias curiosas e fora do padrão?

⬇️Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros), o Brasil ficou no fim da lista, na 44ª posição, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru.

Veja os principais dados do desempenho do Brasil:

Em uma escala de 0 a 60, o Brasil somou 23 pontos (10 abaixo da média da OCDE).

Houve uma diferença significativa, de 11 pontos, entre o desempenho dos alunos brasileiros mais pobres (19 pontos) e dos mais favorecidos economicamente (30 pontos).

Entre as áreas de criatividade avaliadas no Pisa, a que teve menor taxa de sucesso no Brasil foi a de resolução de problemas científicos.

Abaixo do Brasil no ranking, estão apenas: Arábia Saudita, Panamá, El Salvador, Tailândia, Bulgária, Jordânia, Macedônia do Norte, Indonésia, República Dominicana, Marrocos, Uzbequistão, Filipinas e Albânia.

Nos níveis 1 e 2 de criatividade, que são os mais baixos do Pisa, estão 54,3% dos alunos brasileiros. Isso significa que eles:

conseguem apenas fazer desenhos isolados e simples, dentro de assuntos ligados ao cotidiano;

apresentam ideias óbvias e têm dificuldade de propor mais de uma solução para um problema.

"É importante destacar que a criatividade não é um dom, mas sim uma competência que precisa ser desenvolvida na escola", afirma Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.

Quais os critérios de correção?

As 32 perguntas de criatividade avaliavam a capacidade de expressão escrita e artística, além da habilidade de solucionar problemas sociais e científicos.

Veja só um exemplo dos critérios de correção: a questão abaixo, que estava na prova, pedia que o aluno criasse três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme em um jardim.

Questão pede que o aluno crie três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme, com uma árvore e um banco posicionados entre as páginas — Foto: Reprodução/OCDE

Um aluno de nível 1 ou 2, por exemplo, apresentaria ideias mais simples e literais de título, muito parecidas entre si, como: "O livro grande", "O livro gigante" e "Um livro gigante no campo".

Já as respostas criativas, de alunos dos níveis mais avançados, trariam adjetivos menos óbvios e mais variados, como "A árvore solitária", "A história perfeita" e "A trilha escrita".

🎭Quais países fazem parte do top 10 de criatividade?

Singapura (41 pontos) - com destaque para solução de problemas sociais

Coreia (38 pontos) - com destaque para soluções de problemas científicos

Canadá (38 pontos)

Austrália (37 pontos)

Nova Zelândia (36 pontos)

Estônia (36 pontos)

Finlândia (36 pontos)

Dinamarca (35 pontos)

Letônia (35 pontos)

Bélgica (35 pontos)

Média geral da OCDE: 33 pontos

➡️Observações da OCDE:

Em todos os países participantes, os alunos com maior status socioeconômico tiveram melhor desempenho em pensamento criativo do que os menos favorecidos. Em média, a diferença foi de 9,5 pontos.

As meninas tenderam a ser muito mais criativas que os meninos no Pisa -- 31% delas e 23% deles conseguiram atingir o nível 5 de proficiência (considerado alto).

Alunos que participam de atividades de artes, teatro, escrita criativa e programação ao menos uma vez por semana costumam ter desempenho melhor do que os demais.

O incentivo dos professores e a valorização da criatividade pelas escolas também aparecem como elementos importantes para os alunos, segundo o questionário aplicado pelo Pisa.

Brasil ocupa últimas posições em ranking do Pisa 2022

Comentário do editor deste blog - ZdO

A continuar com esse modelo neoliberal a situação só tende a piorar. A questão da arte e da cultura, aqui incluindo a cultura política democrática é crucial para não afundar. Puta contradição no país considerado como um dos mais criativos em termos estéticos e no campo da micro política e até na macro politica no caso dos governos Lula e Dilma e administrações de partidos progressistas nas cidades e estados, não todos é bem verdade. Infelizmente com o grande número de politicos eleitos por partidos de direita e da extrema-direita,  a situação só tende a piorar, haja visto o programa das escolas civico-militares. 

Reiterando, a educação tem  um contributo fundamental, para mais, se aliada a arte e cultura, aqui incluindo a cultura democrática ou para menos se der as costas a isso. Ou quando  trata arte e cultura como entretenimento, tapa-buraco, com improviso e etc., como acontece comumente em muitas escolas.

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Abaixo, exemplo de uma iniciativa  pedagógica na rede pública de São Paulo,  extinta pela ditadura militar e com perseguição aos lideres da mesma.

O “Ao Vivo” da Ação Cultural no dia 15 de outubro de 2020, às 20 horas, foi realizado em homenagem ao dia do professor. Essa atividade traz a memória e a atualidade de Anísio Teixeira, Paulo Freire e do Sistema Ensino Vocacional, o qual trabalhou em São Paulo durante a década de 1960, sob a coordenação da Professora Maria Nildes Mascellani e interrompida pela ditadura civil-militar. Para abordar o tema convidamos os professores Romero Venâncio da UFS, Daniel Ferraz da PUC-SP e Luigy Marks, advogado, professor, ex-aluno e ex-presidente da GVIVE - Associação de Alunos dos Ginásios Vocacionais. 






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