terça-feira, 18 de junho de 2024

COMO AVANÇA A EXTREMA DIREITA CATÓLICA NO BRASIL e Sobre a nota da CNBB que trata do PL1904. Romero Venâncio e Toninho Kalunga

Romero Venâncio (UFS)

 NOTINHA Estudo e monitoro esse agrupamento de católicos tradicionalistas chamado de "Centro Dom Bosco-Rio". Fizeram mais uma livre hoje... Com o titulo: "O PL da vida vai para o Plenário. E agora?". Nem precisa dizer o posição deles: favorável e militando pela aprovação do PL/1904. Aproveitaram essa parada do PL, para criar uma série no canal deles que será semanal e que tem o simbólico e histórico nome de:  "Ação católica" com o objetivo de avançar ainda mais no ideal de como se deve ser católico tradicional. Segundo eles, o Brasil está dando exemplo na defesa da fé... Para não dizer que não falei de flores: elogiaram efusivamente a posição da CNBB e ainda se colocaram à disposição de ajudar a instituição. E avisaram na live: em breve vem ai uma "Marcha pró-família". Sem mais.  Vá vendo!

Junho, 2024. Aviso do Centro Dom Bosco do Rio: "A partir de agora vamos fazer um quadro de lives semanais chamado "Ação Católica" com o fim de comentar os principais fatos da semana e de mostrar como anda a contrarrevolução católica no Brasil."

Monitoro/acompanho/pesquiso o Centro Dom Bosco (CDB) do Rio desde 2017 (Eles nasceram em 2016) como uma espécie de "cérebro" da atual extrema direita católica no Brasil. Este centro é um dos grupos católicos de extrema direita nas redes digitais que priorizo nas pesquisas e que vejo com um projeto de longa duração. Eles sabem onde querem chagar e têm perspectiva histórica (tradicionalista, bom que se diga). Sempre monitoro outros grupos de extrema direita católicos nas redes digitais e em algumas dioceses do Brasil. A prioridade são as atividades deles organizada em forma remota. Cursos, palestras, produções digitais... Como chegaram bem antes nos espaços da redes digitais, esses grupos têm larga vantagem em atrair pessoas e  crescem muito nestas redes. A coisa é séria e já tem dimensão profissional. Não se trata de amadorismo comunicacional. Não. É coisa de profissional, bem feita e que custa caro e que está ficando muito séria e cada vez mais intolerante.

Nesta semana de junho o CDB vem com mais uma "novidade". A criação de uma espécie de "fórum católico" que deram o sugestivo nome de "ação católica". O nome "ação católica" faz parte do imaginário de uma geração mais antiga de católicos no mundo. Um movimento que nasceu na Europa na passagem do Século XIX ao Século XX e que tinha como finalidade mobilizar um certo laicato para a ação no mundo pós Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII. Foi ganhando corpo nos papados de Pio XI e Pio XII e chega ao Brasil num momento em que o catolicismo brasileiro precisava de uma dinâmica leiga junto com o clero. A figura do Cardeal Leme e do Centro Dom Vital no Rio de Janeiro seria expressões materiais e simbólicas de um modelo de "ação católica". A aposta era alta: recatolicisar o Brasil após a derrota na proclamação da República e o fim do padroado (ver os estudos de Riolando Azzi). O Cardeal tinha a função de mobilizar uma série de intelectuais católicos entre as décadas de 20 e 40 do Século XX.  Esssa mobilização intelectual católica é mais complexa do que a apresentada aqui num paragrafo.

O CDB tem um sonho de reavivar esse projeto do Cardeal Leme/Jackson de Figueiredo/Centro Dom Vital. Inclusive publicaram recentemente e na íntegra a carta do Cardeal leme de 1916 onde ele fazia esse chamamento para os "católicos irem a luta" (contra o mundo moderno e na defesa de "valores católicos"). Na concepção do CDB, o grande espaço está nas redes digitais. Investir o máximo nestas redes e minar por dentro paróquias e dioceses. Fazer avançar o tradicionalismo católico em todo o tecido social. Aliando-se ao pe. Paulo Ricardo e ao brasil paralelo, eles avançam no que chamo de "cruzada Olavo de Carvalho" de formação. Nos seminários atingindo a juventude seminarista e futuros padres, influenciando bispos e cardeais e impactando a ação pastoral de várias dioceses espalhadas pelo Brasil.

Não se trata de milagre divino o crescimento deles (apesar de acharam que é obra de Deus). Nada disso. Trata-se de Formação continuada e disciplinada, leituras tradicionalistas, cruzadas com o Rosário, uso das redes digitais com propósito, profissionalismo na atividade pastoral e negação sistemática do Concílio Vaticano II e do que entendem por "modernismo". Eles não aparam. Estão saindo das classes médias (foco central do CDB) e chegando aos poucos às camadas populares. Já têm uma parte significativa de uma juventude católica de classe média...  Trata-se de um horizonte que desponta no cenário atual do catolicismo romano no Brasil.

Sobre a nota da CNBB que trata do PL1904

CARTA ABERTA AOS BISPOS DO BRASIL

Toninho Kalunga,

Esta carta aberta é direcionada a todos os Senhores bispos, sacerdotes católicos que tem como função primordial, o cuidado e o zelo com o povo que professa a fé católica em particular, mas à sociedade, como um todo, pois acreditamos que o gênero humano, todo ele, são filhos e filhas de Deus.

Sou “católico de nascimento” , batizado e crismado dentro da perspectiva da fé cristã que aprendi de berço e depois na formação que a própria Igreja Católica me ofereceu, sendo hoje um leigo engajado nas lutas do povo, incentivado pela Doutrina Social da Igreja.  Enquanto Católico, acredito na presença de Cristo no meio de nós, na Ação Salvífica do Espírito Santo que instruí nossos corações e me incomoda até que eu escreva esta carta ao senhores, Creio profundamente no Amor de Deus, que sendo Pai, nos deu a clareza de que Seu Reino a todos acolhe e que é através da dignidade da vida, que Ele se revela à humanidade. Deste modo, creio na Santa Igreja Católica e através dela, professo e assumo minha fé.

Falar sobre o aborto é de fato algo difícil, pois isso perpassa por questões de fundo religioso, mas também filosófico, medicinais, culturais e sociais. Qualquer um deles tem sua legitimidade! Mas existe um ponto neste momento que é o grande ponto: Sua origem! E a origem deste ponto não está no Evangelho e sim na torpe, vil e hipócrita atuação da Extrema Direita política que se locupletam da beleza da fé cristã, agindo como parasitas da fé, deturpam o significado maior da vida e da defesa da vida! É neste sentido que gostaria de chamar a atenção de vossas eminências para este ponto.

Eu sou contra  aborto como princípio de fé e como visão pessoal de mundo. Todos os homens e mulheres que conheço, independente da fé que professam e dos que não professam nenhuma fé, tem como princípio o mesmo conceito. O aborto, por sí só, não é uma decisão que se toma em razão de um conforto. Para mim, além de não ser um princípio, também não é uma finalidade da gravidez. Ou seja, a gravidez é um momento sublime da vida. Mas esta definitivamente não é a discussão que se está fazendo. O que se esta dizendo é sobre casos de ESTUPRO CONTRA MULHERES E CRIANÇAS!! 

Não é possível que os senhores queiram, de fato, que uma mulher estuprada,  que sofra tamanha e tão abominável violência, fique grávida e por decisão própria e/ou em conjunto com seu conjuge ou familiares, resolva fazer o aborto PREVISTO EM LEI, desde 1940 e que professe ou não a fé católica, SEJA AINDA PUNIDA COM PENA DE ATÉ 20 ANOS DE PRISÃO ?!? É isso mesmo que Vossas Eminências estão defendendo ? 

Em 2020, foram registrados 17.579 nascidos vivos de mães com idade entre 10 e 14 anos no Brasil. Isso representa 0,64% do total de nascimentos no país no mesmo ano. A Região Nordeste concentra o maior número de casos, seguida pelo Sudeste. Estes dados estão à disposição de todos nós e são alarmantes. A gravidez precoce entre meninas de 10 a 14 anos está frequentemente associada a situações de vulnerabilidade social, como:

Pobreza

Falta de acesso à educação

Violência doméstica

Abuso sexual

A gravidez na infância e na adolescência pode ter graves consequências para a saúde física e mental da mãe e do bebê. As meninas nessa faixa etária geralmente não têm condições físicas e emocionais adequadas para a gestação e o parto. O risco de mortalidade materna e infantil é significativamente maior. Além disso, a gravidez precoce pode limitar as oportunidades de educação e futuro profissional das meninas.

Diante disso, fica a pergunta? Estamos mesmo falando sobre o mesmo tema no que tange defender a vida da concepção à morte natural? Onde ficou o sentimento de sororidade, empatia e afeto, onde foi parar o perdão e a acolhida, o reconhecimento de que a origem da vida esta no amor e não na dor, no desespero e no abandono? Quantas destas 17.579 crianças que nasceram em 2020, e que hoje tem - se ainda estiverem vivas, com 4 anos de idade, com base nos dados acima, e suas mamães, estão sendo atendidas, acolhidas, acompanhadas e protegidas pelo PROVIDA? E por Vossas Eminências? Podem mesmo dizer que criança é mãe e estuprador é pai? Onde ficou a defesa da vida, na primazia desta? Foi Deus quem quis assim?

Quando um homem e uma mulher, por amor, decidem ter uma relação sexual, a primeira de todas as possibilidades não é o prazer. Isso é consequência! A maior de todas as possibilidades, é na verdade a geração de uma vida, que perpetua o significado deste amor entre os dois. Ou seja, o amor é o que gera a vida e lhe dá a condição da vida em abundância, pois terá no complemento do amor, ai, sim o prazer, a razão para a sequência da nova vida! 

Deste modo, teremos ofertadas as condições primordiais para a defesa da vida, e nisso esta o sentido da defesa da da vida, desde a concepção até a morte natural, pois neste caso, haverá afeto, alegria, partilha, doação, solidariedade, capacidade de vencer os desafios que apresentam como dificuldades que se entrelaçam com todas as coisas boas que a vida digna nos trás.

O extremo oposto disso é um estupro! Uma vida pode ser gerada a partir de um estupro? óbvio que sim! Somente nos últimos 10 anos, de 2013 e 2023, duzentas e quarenta e sete mil (247.000) meninas, entre 10 e 14 anos de idade ficaram grávidas no Brasil. Alguém em sã consciência pode dizer que tal fato pode ser comparado com o descrito nos dois parágrafos anteriores? Filhos nascidos de um estupro podem ser amados? Sim! Podem! 

Mas esta decisão não pode ser tomada por alguém que não vive o drama e a dor de ter passado por um trauma como este! Das mulheres que resolvem ter um filho, vítima de um estrupro, quantos os hipócritas da extrema direita acompanham com ajuda financeira para criar, psicólogos para acompanhar, apoio educacional, nutricional, cultural e afetivo? Quantas crianças nascidas vítimas de um estupro, tem um membro do provida, como padrinho ou madrinha, com acompanhamento cotidiano? Quantos padres e bispos, particularmente os que assinam a carta de apoio ao PL do Estupro, tem trabalhos em suas respectivas dioceses de acolhimento à mulheres vitimas de estupro, com uma pastoral estruturada e financiada para dar o apoio que dizem ser necessários às mulheres, familias, e crianças nascidas dentro destas condições? Podem apresentar onde para que possamos aprender com eles? Se existir, isso é coerente. Não havendo, se somam à hipocrisia dos que dizem defender a vida!!

Nenhum homem pode saber o que significa uma gravidez advinda de um estupro. Uma menina de 10, 11, 12 anos de idade, não sabe diferenciar o que é uma gravidez no início de uma gestação e em grande parte das vezes, sequer pode contar para ninguém o que está sentindo, pois isso lhe trará, incrivelmente, ainda mais sofrimento, abusos e abandonos. É indescritível. Dá pra imaginar o que significa o penis de um homem adulto (padrasto, tio, irmão, pai, vizinho) penetrando na vagina de uma crianças de 5, 6 anos de idade? E isso acontecer da infância até a adolescência? Reiteradas vezes? Machucando não só seu corpo, como sua vida e alma? 

Não se esta falando sobre aborto, e sim sobre estupros! Não se está defendendo a morte, e sim a vida! A primazia da vida! A vida daquela menina/mulher que foi vítima de uma violência inominável e que não raramente, em razão da violência sofrida, do estupro de seu corpo, tem dilacerado seu aparelho reprodutor e não poderá mais, sequer ter filhos! 

De que vida, os extremistas da direita religiosa e política estão falando? Da vida, que depois de gerada, os mesmos que dizem defender o direito do nascituro, lhes quer mortos pela pena de morte, em razão do abandono em orfanatos ou deixados para serem criados por terceiros? De que direito à vida os extremistas da direita dizem defender, os dos milhares de sem teto, sem terra, dos idosos que os mesmos impedem o direito à uma aposentadoria digna, como fizeram em 2016 e 2017 com o golpe contra a democracia brasileira e uma presidenta honesta? Dos que defendem uma política de juros para bancos e rolagem da dívida pública que é quinze vezes maior do que o orçamento da educação, saúde, saneamento básico, serviços sociais e reforma agrária somados todos os anos?

 De que direito à vida, vossas eminências estão dispostos a defender? Os mesmos bispos já fizeram uma nota e junto com a nota, a orientação para que suas dioceses exijam reforma agrária para que a fome seja definitivamente extinta do Brasil? Estão de fato empenhados em defender a vida, dizendo que as crianças devem ser vacinadas e que o negacionismo pregado pela extrema direita católica contra a ciência mata mais crianças do que os abortos que estão na lei atacada? Que fez com que a poliomielite e a meningite voltassem a atingir nossas crianças?

Qual a posição de vossas eminências com relação a falta de vagas em creches em quase 100% das cidades brasileiras para que a VIDA destas crianças sejam protegidas para que suas mães possam trabalhar para sustentar suas vidas! Vossas excelências tem dimensão  de que 1/3  das crianças brasileiras, em idade infantil, o que significa 2,3 milhões de crianças não têm vagas nestes estabelecimentos!! Os senhores estão mesmo preocupados com a vida destas crianças do nascimento até a morte natural? 

Entre 2016 e 2020, 35 mil crianças e adolescentes de até 19 anos foram assassinados no Brasil! Uma média de 7 mil por ano! Nunca vi uma única carta da CNBB dizendo que isso é o mesmo que um aborto, só que em vida pós uterina!! Nos últimos 10 anos, jamais vi a CNBB se posicionar de forma contundente como fez essa semana contra a morte destas crianças, ao não ser em notícias que saem em telejornais! Mas esses números noticiados são menos de 0,01% dos que ocorrem no Brasil real! Todos os dias - neste período - ao menos 17 crianças e adolescentes foram mortos! TODOS OS DIAS!! Essas vidas importam? 

A violência é um sinal anti evangélico por natureza. Jesus jamais utilizou da violência como método de sua pregação e peregrinação. Em um único momento, para arrancar exploradores da fé e os gananciosos que faziam do templo um balcão de negócios, expulsou-os dali com um chicote na mão, num ato de defesa de um lugar santo. Às vezes, penso que se Jesus estivesse aqui, a CNBB poderia ser palco de uma cena parecida com aquela!

O aborto, certamente não é algo que podemos ter como parâmetro associativo da vida! É um tema que gera contradições argumentativas de vários níveis. Mas em um, ele deveria ser consensual. O estupro de uma criança!  Uma mulher que sofre uma violência desta natureza é reconhecidamente uma mulher que tem direito civil em praticar o aborto. Esta legislação nacional está sedimentada desde o ano de 1940! Portanto, há 84 anos que este tema é reconhecidamente algo que não se pode tolerar!  Mas uma criança de 10 ou 11 anos de idade?? Qual é a dúvida de que essa criança é apenas uma criança!! Os senhores devem ter sobrinhas!! Dá pra imaginar algo assim? Qual vida tem primazia diante desta violência?

A concepção é um ato de amor por natureza, abençoado por Deus e querido e esperado por seus pais. Um estuprador não pode ser comparado em nenhuma hipótese a essa alusão de afeto. Uma criança não pode ser comparada, seja por sua inocência, seja por sua maturidade, a uma mãe! Por isso, o povo diz, criança não é mãe, estuprador, não é pai!

Vossas Eminências, não são pais. Este é um dos sacrifícios que resolveram fazer para servir ao povo. Assim sendo, não fazem ideia do significado disso, assim como nós pais, não podemos saber o que significa carregar no ventre uma criança, dar à luz, sentir a dor e o amor do parto. Por isso, talvez, para os senhores é mais simples dizer, que uma mulher estuprada pode simplesmente “dar o filho para adoção”. Será? Às vezes o sentimento que passam é que temos uma coisa assim, fácil como comparar o sentimento humano com a de um cachorro que após a cria, é separado e dado para alguém criar! 

Os senhores já conversaram com uma mulher estuprada que tenha ficado grávida do bandido agressor? Já conversou com um marido ou namorado que seja companheiro de uma mulher violentada por um estuprador e que ficou grávida? Sabia que na imensa maioria das vezes, esta mulher é abandonada por seus parceiros?

Os senhores já conversaram com meninas de 10,11, 12, 15 anos de idade que tiveram suas vaginas penetradas por pênis de 15, 18, 20 centímetros de comprimento, machucando-as e não raramente impedindo pela agressão que possam ter filhos novamente, pois seu útero fora dilacerado pela violência reiterada de agressores que são comumentes homens que moram na mesma casa ou parentes, como pais, irmãos, tios e avôs?

Quem vos escreve, é um católico, praticante, temente à Deus e fruto da fé desta Igreja. Certamente, muitos outros, como eu, que são católicos e católicas, subscreveram esta carta dizendo que não queremos uma Igreja que se alie ao que tem de pior na política brasileira neste momento histórico. Não é possível que os senhores não percebam o quanto este assunto é usado pelos lobos da extrema direita que se travestem de cordeiros, se dizendo a favor da vida, mas praticando a política da morte, votando diuturnamente contra os direitos dos pobres, dos trabalhadores e dos desvalidos, que tem como fundamento político a defesa do ódio, da desagregação e da mentira no formato pomposo que ora chamam de fake news. 

Queremos pastores que se aliem ao alivio da dor, que sejam pastores que acolhem mulheres, seja por dor e desespero, fizeram a opção pelo aborto, seja as que por decisão própria, resolvam cuidar destas criança e cria-las! Mas em nenhuma hipótese, prendê-las em masmorras por até 20 anos ou condená-las com um julgo cruel de uma religião, qualquer que seja! Deus é amor, nos ensina o Evangelho de São João, capítulo 10, versículo 10. Nem na idade média, uma mulher que fazia um aborto em razão de um estupro era tratada assim. 

Somos gente que convive dominicalmente nas missas, nos santuários, paróquias e comunidades do Brasil inteiro e que queremos enxergar em nossos pastores homens que imitem a Jesus e que ao invés de mandar para a cadeia e a pena de Morte, as mulheres que, como Marias Madalenas, sejam imitadores de Cristo que resolveu confrontar os fariseus que a perseguiam naquele momento e os Extremistas da Direita Católica e política que repetem o mesmo gesto, hoje. 

Não sigam os fariseus católicos, os demagogos evangélicos e os extremistas da direita política, pois os extremistas da direita católica que podem até tratá-los como príncipes, mas que os empurra para o precipício. O que lhes proponho é o mais difícil, mas é também o mais coerente com a fé cristã. 

Quero minha igreja de volta! Quero uma Igreja acolhedora, que escute e abençoe, que acolha e perdoe, como fez Jesus Cristo! Que faça do fardo, uma pluma e do julgo, uma brisa. Uma Igreja profética e corajosa, que possa alentar e acolher as mulheres e crianças vitimas da violência do estupro, ajuda-las a superar este momento de dor, com delicadeza, acolhida e encorajamento para seguir adiante, pois o amor de Deus e da Igreja as protege e ama! E que possa principalmente, estar de portas abertas para oferecer o afeto e a acolhida para mulheres que não tiveram condições de manter esta gravidez, que possam chorar e serem acalentadas pela dor da violência sofrida e pela decisão de interromper esta gravidez, pela mais absoluta falta de condição de mantê-la.  Não é possível que a Igreja defenda a prisão destas mulheres!! Até quando mulheres terão que ser violentadas senhores bispos e presbíteros católicos? 

Os senhores querem mesmo ser equiparados à Silas Malafaia e seus congêneres desta perversa bancada de gente que se diz cristã? É isso que esperamos de uma Igreja que seja Católica e Apostólica?

Digo sim a vida! Digo sim ao amor, digo sim aos direitos humanos, digo sim AO PERDÃO E A ACOLHIDA para todos aqueles e aquelas que se sentem abandonados em suas dores por Vossas Eminências e peço a Deus que lhes dê a coragem necessária para voltar a acolher e não punir ainda mais, e agora, espantosamente ainda defender o encarceramento  mulheres vítimas da mais abominável e vil das violências, numa pena maior que a dos estupradores. É inacreditável!

 leigo orionita, participante da Comunidade São Luis Orione em Cotia e da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca e membro da Fraternidade Leiga Charles de Foucauld no estado de São Paulo.

EM DETALHES - 18/06/24 - PL 1904 EQUIPARA ABORTO A HOMICÍDIOS, MESMO EM CASOS COMPROVADOS DE ESTUPRO


2 comentários:

Marcio Romeiro disse...

Também na ação pastoral, não existe vácuo. A denúncia da heresia católica é apenas um passo para a afirmação da ortodoxia católica. Combater e denunciar o caminho do Centro Dom Bosco e outros exige o anúncio efetivo do Reino de Deus.

AÇÃO CULTURAL disse...

Perfeito! De acordo.. Há necessidade de ação integrada em diversas frentes sem necessariamente hierarquizar mas conectadas como uma ação em rede.. O problema disso são alguns nós ou elos da corrente que estão bastante fragilizados como a formação em muitos seminários, assim como a falta de compreensão do papel da estratégico da comunicação por parte de muitos que compactuam das ideias colocadas nessa postagem... E se é uma questão de fontes de financiamento, também é uma questão de visão também...
Zezito de Oliveira